sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Como foi fundada a Ordem Mercedária




A Ordem das Mercês para a Redenção dos Escravos se fundou em Barcelona, Espanha, em 1218, por São Pedro Nolasco, após uma aparição da Virgem.

No início do século XII quase toda a Península Ibérica estava sob o poder muçulmano. Muitos espanhóis estavam escravizados pelos mouros e sujeito aos piores tratos. A Santíssima Virgem - Auxiliadora dos Cristãos - condoendo-se do sofrimento de seus filhos, quis ser a principal fundadora de uma Ordem Religiosa destinada a prestar socorro a estes infelizes. Para isso apareceu em sonhos, na mesma noite, a três homens dedicados, a fim de que se consagrassem a causa dos oprimidos.

Um dos escolhidos foi o militar francês de origem fidalga São Pedro Nolasco, que há muito tempo se dedicava a esta causa, resgatando seus irmãos de crença a peso de ouro. Quando já lhe escasseavam os recursos, a Virgem Maria apareceu-lhe em sonho e disse-lhe: - "Deus quer que estabeleça uma Congregação Religiosa para o resgate dos cativos".

Pedro não era um homem crédulo e por isso consultou o seu confessor São Raimundo de Penaforte, um dos mais notáveis teólogos de sua época. Qual não foi a surpresa de Pedro Nolasco ao saber que o Santo Doutor tivera o mesmo sonho e recebera ordem de animar os seus desígnios. Foram os dois pedir o apoio de D. Jaime I de Aragão e ficaram assombrados quando o piedoso monarca lhes anunciou que tivera o mesmo sonho e recebera a mesma ordem.

Certos de que esta era a vontade de Deus, puseram mãos a obra. 0 magnânimo soberano mandou construir um convento, enquanto São Raimundo elaborava os estatutos da Ordem. São Pedro Nolasco foi o primeiro Comandante Geral da Milícia, e a ele, em pouco tempo, juntaram-se muitos cavaleiros da Espanha.

Estava fundada a Ordem Real e Militar de Nossa Senhora das Mercês da Redenção dos Cativos.
Alem dos votos de pobreza, obediência e castidade, eles faziam o de tornar-se escravos, se fosse necessário, para salvar os prisioneiros.
A Ordem de Nossa Senhora das Mercês, após a aprovação do Santo Padre, espalhou-se pela Europa.

Os primeiros milicianos estabelecidos no Brasil vieram de Quito com Pedro Teixeira em 1639, quando o nosso país ainda se achava sob o domínio da Espanha, e se localizaram em Belém do Pará.

No início construíram uma pequena capela anexa ao convento, mas no século XVIII edificaram, de acordo com o projeto do arquiteto italiano radicado em Belém, José Landi, o seu templo definitivo, o único da cidade que possui a frontaria em perfil convexo. Seus púlpitos em estilo rococó e as talhas magníficas de seus frontões fazem desta igreja um dos mais bonitos monumentos religiosos da capital do Norte Brasileiro.

No século citado, a Irmandade de Nossa Senhora das Mercês estabeleceu-se em Ouro Preto, com o intuito de libertar os escravos pretos e crioulos que trabalhavam nas minas. Após muito tempo a confraria conseguiu se transformar em Ordem Terceira, com o direito de usar hábitos, capas, correias e também construir o seu templo. Entretanto, não se sabe por que, a irmandade cindiu-se ficando urna parte com a risonha igrejinha que é a Mercês de Cima, enquanto a outra estabeleceu-se na ermida do Bom Jesus dos Perdões, denominada atualmente Mercês de Baixo.

A luta entre as duas facções durou perto de cem anos, acreditando-se que a política imperial tenha influído na contenda, pois os conservadores eram filiados à Mercês de Baixo, enquanto os liberais somente se inscreviam na Mercês de Cima.
O culto da Virgem das Mercês desenvolveu-se mais entre os pardos cativos, por isso ele se espalhou principalmente nas vilas do ouro como Diamantina, São João del Rei, Mariana, Sabará, etc., onde são encontrados vários templos a ela dedicados.

Em São João Del Rei, sua festa se realiza a 24 de Setembro onde a Venerável Imagem da Santíssima Virgem que aparece nas fotos e a qual este blog é dedicado encontra-se e é reverenciada pelos fiéis são-joanenses, assim como devotos de outras partes do país que migram para participarem das festividades a Mãe das Mercês, que há quase 250 anos ampara com suas Mercês o povo são-joanense. Com uma belíssima novena, que antecede o dia festivo, abrilhantada pela centenária Orquestra Lira Sanjoanense, os irmãos da Venerável Arquiconfraria aguardam o dia em que irão demonstrar suas homenagens, através da alvorada com banda, seguida de missa festiva em honra a Santíssima Virgem e pela Venerável Arquiconfraria. À noite, a procissão com as imagens de São Pedro Nolasco e São Raimundo, assim como a Imagem da Santíssima Virgem das Mercês, percorrem as ruas do centro histórico de São João. Durante todo percurso, acontecem homenagens com músicas, folgos e chuva de pétalas.

A procissão retorna com um grande número de pessoas próximo as escadarias da bela igreja em estilo colonial, onde acontece o espetáculo de fogos de artifício e foguetes e, sob muitos aplausos, o final das homenagens se dá com a realização do "Te Deum" (Músicas Eucarísticas para Benção do SS. Sacramento).

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